Edições e Suplementos:

» Volume 75

Número suppl.1

http://dx.doi.org/

Nem anjos, nem heróis: discursos da enfermagem durante a pandemia por coronavírus na perspectiva foucaultiana

RESUMO

Objetivo:

analisar os processos de produção de sentidos, com base nos discursos dos profissionais de enfermagem, acerca de como se sentem em relação aos títulos de “anjos e heróis” dados pela sociedade durante a pandemia da COVID-19.

Métodos:

pesquisa qualitativa, do tipo documental. Os dados foram coletados em outubro e novembro de 2020 e analisados na perspectiva da Análise do Discurso proposta por Michel Foucault.

Resultados:

foram organizados em duas categorias temáticas: “Anjos e heróis? A realidade (nada) heroica da enfermagem durante a pandemia” e “A busca pelo reconhecimento do trabalho profissional da enfermagem: entre o dito e o não dito”.

Considerações finais:

os discursos da enfermagem enunciam a busca por condições dignas para execução do cuidado, salários justos e reconhecimento do trabalho profissional pela sociedade.

Descritores:
Enfermagem; Profissionais de Enfermagem; Discurso; Pandemias; Coronavírus

ABSTRACT

Objective:

to analyze the processes of meaning production, based on the speeches of nursing professionals, about how they feel about the titles of “angels and heroes” given by society during the pandemic of COVID-19.

Methods:

a qualitative, documentary research. Data was collected in October and November 2020 and analyzed from the perspective of the Discourse Analysis proposed by Michel Foucault.

Results:

they were organized into two thematic categories: “Angels and heroes? The (not) heroic reality of nursing during the pandemic” and “The search for recognition of the professional work of nursing: between what is said and what is not said”.

Final considerations:

the nurses’ speeches enunciate the search for decent conditions for the execution of care, fair wages, and recognition of the professional work by society.

Descriptors:
Nursing; Nurse Practitioners; Speech; Pandemics; Coronavirus

RESUMEN

Objetivo:

analizar los procesos de producción de sentidos, con base en los discursos de los profesionales de enfermería, acerca de cómo se sienten en relación a los títulos de “ángeles y héroes” dados por la sociedad durante la pandemia de COVID-19.

Métodos:

investigación cualitativa, del tipo documental. Los datos fueron recolectados en octubre y noviembre de 2020 y analizados en la perspectiva del Análisis del Discurso propuesta por Michel Foucault.

Resultados:

fueron organizados en dos categorías temáticas: “Ángeles y héroes? La realidad (nada) heroica de la enfermería durante la pandemia” y “La búsqueda por el reconocimiento del trabajo profesional de la enfermería: entre lo dicho y lo no dicho”.

Consideraciones finales:

los discursos de la enfermería enuncian la búsqueda por condiciones dignas para ejecución del cuidado, salarios justos y reconocimiento del trabajo profesional por la sociedad.

Descriptores:
Enfermería; Enfermeras Practicantes; Discurso; Pandemias; Coronavirus

INTRODUÇÃO

Desde meados de 2018, a partir da publicação Expanding the Role of Nurses in Primary Health Care, divulgada pela Organização Panamericana de Saúde e Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), a Enfermagem tem alcançado maior visibilidade por ser considerada profissão essencial na ampliação do acesso à saúde, principalmente na promoção da saúde e prevenção de doenças(1). Já em 2019, foi criada a campanha “Nursing Now”, uma iniciativa da OMS com o Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN) que visa reconhecer a contribuição da enfermagem para os desafios da saúde no século XXI; e tal apoio se dá por meio de investimentos em educação e condições de trabalho e na disseminação de práticas exitosas(2).

Ainda nessa perspectiva, no ano de 2020 é comemorado o bicentenário de nascimento de Florence Nightingale, pioneira e fundadora da enfermagem moderna. Florence trouxe inúmeras contribuições para a assistência à saúde, sobretudo no que se refere ao sanitarismo. Dentre os preceitos que utilizava em sua prática, destacam-se ações de isolamento dos enfermos, uso de métodos estatísticos de análise e planejamento em saúde, bem como a representação terapêutica da alimentação, higiene, saneamento, lavagem de mãos e ventilação na prevenção de disseminação das doenças(3).

Coincidentemente, o ano de 2020 também é marcado pela maior crise sanitária mundial da nossa época. A infecção pelo novo coronavírus, causador da doença COVID-19, foi detectada inicialmente em Wuhan, na China, em dezembro de 2019(4). No final de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a epidemia da COVID-19 constituía uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII)(5) e, em meados de março de 2020, reconheceu-a como pandemia. Desde então, rapidamente propagou-se por todo planeta e colocou em colapso os sistemas de saúde até mesmo dos países desenvolvidos(6).

No Brasil, a confirmação do primeiro caso da COVID-19 foi registrada em 25 de fevereiro de 2020 pelo Ministério da Saúde brasileiro(7). Com o rápido avanço em todo território nacional, a pandemia expõe as fragilidades estruturais e os pontos de estrangulamento do SUS, colocando em evidência a falta de profissionais de saúde e de infraestrutura na atenção de média e alta complexidade(8).

Em meio ao panorama pandêmico, os profissionais da enfermagem passaram a ser o foco de constantes homenagens por parte da população devido ao seu comprometimento em atuar na linha de frente do combate ao coronavírus. Foram inúmeros tipos de manifestações, como os famosos “panelaços” e aplausos que ocorreram nas janelas das casas e apartamentos, reportados pela mídia como incentivo aos que, agora, eram tidos como super-heróis.

A enfermagem tem utilizado esse momento de visibilidade para reforçar lutas seculares, como a regulamentação da jornada de trabalho de 30 horas e o piso salarial. Além disso, os apelos visam à valorização do trabalho executado pelos profissionais da categoria, exigindo condições adequadas de trabalho, equipamentos de proteção individual (EPI) em qualidade e quantidade suficientes para prestar assistência segura aos pacientes, a conscientização da população sobre as medidas de proteção ao vírus, bem como a importância do isolamento social(9).

Se de um lado a pandemia serviu para descortinar a importância da enfermagem no cuidado ao ser humano e para os profissionais vibrarem por se sentirem vistos e reconhecidos pela sociedade, de outro, emerge certo desconforto pelo cunho midiático que se tem atribuído ao trabalho prestado pela categoria em relação ao discurso de anjos e heróis para designar enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Os atravessamentos que permeiam essas relações também correspondem aos sentidos produzidos durante décadas acerca da (des)legitimação do trabalho profissional da enfermagem diante do ideário coletivo.

Dessa forma, optou-se por analisar os discursos da enfermagem na perspectiva foucaultiana, tendo em vista que, para Foucault, o discurso é constituído por uma trama histórica que representa um local, uma época e as diversas relações produzidas(10), permitindo uma análise acerca do que é dito ou silenciado, quem e por que se diz ou silencia, no interior das relações entre enfermagem e sociedade.

Nesse contexto, emergem as seguintes questões: Como os profissionais de enfermagem se sentem ao serem intitulados anjos e heróis pela sociedade durante a pandemia? Eles se reconhecem como anjos e heróis? O que é enunciado, ou não, nos discursos desses profissionais neste período?

OBJETIVO

Analisar os processos de produção de sentidos, com base nos discursos dos profissionais de enfermagem, acerca de como se sentem em relação aos títulos de “anjos e heróis” dados pela sociedade durante a pandemia da COVID-19.

MÉTODOS

Aspectos éticos

Trata-se de uma pesquisa documental que utilizou documentos de acesso público. Conforme a Resolução n° 510/2016, que trata da pesquisa em Ciências Humanas e Sociais, estudos que utilizam informações de domínio público dispensam submissão ao CEP/CONEP(11). No entanto, para manter o anonimato dos profissionais que tiveram seus discursos incluídos neste estudo, os achados estão identificados pela letra E de enfermagem, seguida de um número arábico referente à ordem da coleta dos dados. Salienta-se que foi mantido, em toda a sua forma, o teor do conteúdo do texto e vídeos.

Tipo de estudo

Trata-se de pesquisa qualitativa, numa perspectiva pós-estruturalista, com delineamento descritivo e exploratório, do tipo documental, e segue as diretrizes do instrumento SRQR da Equator Network. A pesquisa documental, como método de pesquisa, permite o levantamento de evidências empíricas em fontes primárias, isto é, documentos que não receberam tratamento científico(12). Enquanto técnica, essa modalidade de pesquisa inclui a leitura, seleção, fichamento e arquivo dos tópicos de interesse para o estudo em pauta.

Coleta e organização dos dados

Os dados foram coletados entre os meses de outubro e novembro de 2020. Inicialmente, realizou-se busca livre na internet com os termos “anjos e heróis AND enfermagem AND COVID-19”. Dentre os resultados desta busca, foi selecionado intencionalmente o site do Conselho Regional de Enfermagem do Estado de Alagoas (COREN/AL), que noticiava o lançamento de uma campanha intitulada “Nem anjos, nem heróis. Somos Profissionais, somos ENFERMAGEM”(13).

A campanha convidava os profissionais de enfermagem a compartilharem vídeos sobre suas rotinas durante a pandemia, no ambiente laboral ou familiar, e estes seriam divulgados nas redes sociais do referido Conselho. Em seguida, três pesquisadoras realizaram a visualização de todos os vídeos compartilhados por meio da rede social Instagram, na página do COREN/AL; selecionaram os que atendiam ao objetivo deste estudo; e procederam à transcrição.

Desse modo, o material empírico utilizado como corpus de análise foi composto pela página da internet na qual foi veiculada a notícia referente à campanha e por 16 relatos dos profissionais compartilhados no Instagram do COREN/AL.

Análise dos dados

Os dados foram analisados na perspectiva da Análise do Discurso (AD) proposta por Michel Foucault. Para analisar os discursos da enfermagem durante a pandemia da COVID-19, foram utilizados como ferramenta analítica os conceitos de enunciado, discurso, formação discursiva, prática discursiva e dispositivo.

O discurso não representa apenas um sentido ou uma verdade, mas uma história atravessada por um sujeito, em determinado tempo e local, definindo as condições de exercício da função enunciativa. Percebemos, com isso, um discurso enunciado (dito) e outro, oculto (não dito), que contribuem para a construção do dispositivo(10). Desse modo, as práticas discursivas correspondem ao que é dito pelos profissionais de enfermagem sobre como se sentem ao serem intitulados anjos e heróis, já as práticas não discursivas representam o não dito pela sociedade quando os intitula dessa maneira.

Para dar conta da subjetividade que permeia essa análise, os discursos foram analisados em relação ao contexto em que foram produzidos, às cores utilizadas, à natureza do vocabulário, às ideias mencionadas e às que ficaram subentendidas, possibilitando conhecer elementos silenciados pelos participantes da campanha.

RESULTADOS

Com base na análise dos dados, foram elaboradas duas formações discursivas: “Anjos e heróis? A realidade (nada) heroica da enfermagem durante a pandemia”; “A busca pelo reconhecimento social do trabalho profissional da enfermagem: entre o dito e o não dito”.

Anjos e heróis? A realidade (nada) heroica da enfermagem durante a pandemia

Foi com a frase “Nem anjos, nem heróis. Somos Profissionais, somos ENFERMAGEM” que o Conselho Regional de Enfermagem do Estado de Alagoas (COREN-AL) lançou uma campanha em alusão ao mês da enfermagem, convidando os profissionais a compartilharem com os colegas e sociedade em geral, por meio de vídeos gravados por eles mesmos, as mudanças no cotidiano de suas vidas, seja no âmbito pessoal, seja no profissional, durante o período de pandemia. O intuito da campanha era dar visibilidade sobre a rotina da profissão à população, mostrando que, apesar das adversidades e privações que o período impõe, esses profissionais seguem comprometidos com o trabalho.

Pela proposta da campanha, é possível perceber que o COREN-AL assume, por meio do discurso de seu representante, uma posição antagônica à da sociedade de modo geral, evidenciando que, muitas vezes, os profissionais não se sentem como anjos ou heróis, especialmente quando possuem condições desfavoráveis à execução do seu trabalho, como ausência de EPIs, que são instrumentos indispensáveis para uma assistência segura e de qualidade.

[…] Muitas vezes, os profissionais são vistos como ANJOS ou como HERÓIS, e ainda querem nos fazer acreditar que somos desunidos. Mas não é assim que nos sentimos quando estamos trabalhando em equipe. Também não nos sentimos heróis ou anjos quando chegamos em casa com medo de estar contaminados e contaminar quem a gente mais ama. Agradecemos os aplausos, sabemos que somos dignos deles, mas também queremos dignidade e condições de trabalho. (COREN-AL)

Na perspectiva da AD, o COREN-AL, enquanto dispositivo, produz arranjos e práticas discursivas que imprimem um apelo direcionado à sociedade, de modo que esses esforços sejam também empregados para reivindicar condições dignas de trabalho, contribuindo efetivamente para a valorização da enfermagem nos diversos cenários de atuação, aspecto que vem sendo buscado, incansavelmente, desde a origem da profissão.

Os vídeos enviados pelos profissionais e compartilhados na rede social Instagram, por meio da página oficial do COREN-AL, visam à interação entre a profissão e a sociedade brasileira, talvez mundial, tendo em vista o poder de alcance das mídias sociais atualmente. Ainda, reverbera a produção de sentido na coletividade, pautando-se nos enunciados produzidos pelos próprios profissionais da enfermagem, ou seja, por aqueles que estão vivenciando a realidade na linha de frente da pandemia, mas não se sentem super-heróis ao receberem um salário injusto pelo trabalho que executam, tendo em vista as dificuldades relatadas.

Eu só gostaria de dizer que nós estamos na linha de frente sim, que nós, equipes de enfermagem, estamos 24 horas ao lado desses pacientes. E eu gostaria muito, mas muito, que essa categoria fosse vista de uma forma diferenciada. (E8)

Entendo que se trata de uma crise mundial e que toda crise, em si, tem um grande potencial de mudança, de transformação. E acredito isso ser bastante pertinente à nossa categoria, enquanto enfermeiros, porque sermos reconhecidos na nossa importância social, sem sermos bem remunerados pelos nossos trabalhos, isso pouca importância tem. […] Então nem anjo e nem herói, nós não precisamos de egos inflados, nós precisamos ser bem remunerados. (E10)

Alguns profissionais realizaram as gravações em seus ambientes de trabalho. Já outros preferiram gravar no ambiente familiar de suas casas. Ainda, houve aqueles que fizeram suas gravações na sede do COREN-AL. Em comum, os depoimentos sustentam o discurso sobre as mudanças que ocorreram em suas rotinas em decorrência da pandemia, seja no trabalho, seja em casa ou nos seus momentos de lazer.

Esse desafio aumentou quando eu escolhi ser docente. […] E esse desafio se intensificou quando a quarentena começou e nós passamos a ministrar as aulas de forma remota, usando plataformas digitais para que os novos profissionais que estão se formando não percam a motivação e o brilho que tem pela enfermagem. Então, foi um desafio muito grande, porque muitos não conheciam as plataformas, muitos não conheciam essa forma remota e para todo mundo, seja aluno ou professor, está sendo uma forma nova de adaptação. (E2)

Me perguntaram o que mudou na minha vida, no lado profissional e pessoal, e mudou muita coisa. A maneira de agir, de pensar, de se cuidar, de se proteger, de proteger o paciente, de proteger o colega de trabalho, e trabalhar muito mais ainda em equipe. No lado pessoal, o ficar longe da família, o não poder estar abraçando, beijando. Mas isso vai passar. (E8)

Estou na frente da batalha, na luta contra o coronavírus. É uma luta muito injusta e desleal. Esse inimigo invisível está fazendo muitos amigos nossos ficar enfermos. Estamos sofrendo muito com isso. Nós não podemos, muitas vezes, voltar para nossas casas. (E9)

Os sentimentos de medo e insegurança acompanham o processo de trabalho da enfermagem em situação de pandemia e estão relacionados ao uso incorreto de EPI, à deficiência na oferta desses produtos aos trabalhadores ou desconforto pela barreira física imposta entre profissionais e pacientes, dificultando o contato, o toque, constituindo outros modos de cuidado.

Acredito que não só na minha, mas na maior parte da nossa população, é o medo, é a incerteza. É não saber se, apesar de todas as precauções que estamos tomando, estamos protegendo aqueles que amamos […] Merecemos trabalho com dignidade, com EPI, com segurança. (E5)

Estamos perdendo a essência do cuidado que é o contato. Muitas vezes temos que trabalhar com EPI, com tanto EPI, que nós não conseguimos ter o contato devido com nossos pacientes. (E9)

Essa pandemia mudou muito pra nós que somos profissionais da enfermagem e temos a essência do cuidado. Nós estamos nos adaptando a fazer esse cuidado. (E12)

O discurso desses profissionais está carregado de sentidos. De um lado, a preocupação com as condições e rotinas de trabalho; e do outro, seres humanos que sentem saudade das relações de afeto, medo de contaminar seus familiares e de perder amigos e colegas de trabalho em decorrência do vírus. Exemplo disso está no enunciado por uma enfermeira que gravou seu vídeo em frente a um painel intitulado “Mural dos motivos”, com textos anexados escritos à mão, nitidamente dando a entender que são os motivos pelos quais os profissionais estão trabalhando.

Em casa, me afastei da minha mãe há mais ou menos dois meses, só consigo falar com ela por telefone; converso com meu irmão para dar aquele apoio. Em casa, me afastei da minha menina, da mulher. Não pode estar dando aquele abraço, aquele beijo. Mas isso tudo vai passar. (E4)

O que mudou nessa pandemia foi a falta dos meus familiares. Estamos há 45 dias sem nos ver fisicamente (chorou nesse momento), e isso está sendo muito difícil. E também o medo do contágio, principalmente do contágio dos meus amigos e a perda deles, meus amigos de trabalho. (E7)

Tem sido muito difícil ver a preocupação de todas as pessoas ao meu redor, comigo, por eu estar nessa linha de frente, por eu estar em contato com esses pacientes. E, além disso, não poder, em hipótese nenhuma, ver ninguém, né?! A gente sabe que ninguém pode sair de casa, ninguém deve sair de casa, mas quem está em contato direto com esses pacientes não pode mesmo. Então, a gente precisa ter um cuidado redobrado com tudo. A gente queria ficar em casa, seguro, mas a nossa profissão nos chama. Nós estamos vendo cada vez mais colegas adoecendo. Então, nós precisamos ser mais fortes ainda. (E11)

Mudou muito o dia a dia do hospital. Nós, como Conselho de Enfermagem, também. […] As averiguações nas instituições, nos hospitais, dando aquele apoio ao profissional, para que ele tenha uma condição digna de trabalho. Estamos também junto com a população orientando em alguns detalhes. (E4)

Notadamente, as práticas discursivas apresentadas também reforçam os aspectos emocionais que permeiam o cotidiano de trabalho da enfermagem em tempos de pandemia, como a preocupação de contaminar os familiares, colegas de trabalho e a população em geral. As formas de mobilização dos profissionais de enfermagem produzem efeitos de sentido na sociedade pelos discursos que exprimem a preocupação em proteger a todos, revisando condutas e alterando suas rotinas para além do ambiente de trabalho.

Ainda, a regularidade discursiva é percebida tanto no posicionamento do COREN-AL quanto nos depoimentos dos profissionais, em relação à dialogicidade, entre exigir melhores condições de trabalho e demonstrar que o mesmo medo sentido pela sociedade aflige também os profissionais de enfermagem. E, portanto, não há nada heroico e angelical nos sentimentos de medo e insegurança, nem nas condições inadequadas de trabalho, sob as quais a enfermagem, por vezes, tem executado o cuidado no período pandêmico.

A busca pelo reconhecimento social do trabalho profissional da enfermagem: entre o dito e o não dito

Nesta formação discursiva, estão relacionados os enunciados, visíveis e ditos pelos profissionais de enfermagem sobre não se sentirem como anjos e heróis, ao mesmo tempo que apresenta o subjetivo, oculto e não dito pela sociedade quando os intitula desse modo.

A notícia de lançamento da campanha foi veiculada em 12 de maio, Dia Internacional da Enfermagem e Dia do Enfermeiro, retomando os discursos produzidos no interior das relações entre os profissionais de enfermagem, entidades representativas da categoria e a sociedade ao longo de, pelo menos, dois séculos. Essa inter-relação ocorre quando, antes mesmo de explicitar a proposta da campanha, é mencionado o bicentenário de nascimento de Florence Nightingale, relembrando a trajetória histórica da revolução do cuidado, atribuída à sua atuação durante o tratamento de feridos na Guerra da Crimeia.

Nesse momento, o COREN-AL, enquanto dispositivo político-educativo, reverbera um discurso que resgata a identidade da profissão, associando a importância de proporcionar visibilidade ao trabalho da enfermagem e à precursora da profissão, especialmente em decorrência da pandemia da COVID-19 e das contribuições dos profissionais no cuidado aos doentes e no combate ao vírus.

Antes mesmo de começar, a Organização Mundial da Saúde [OMS] já tinha escolhido 2020 como o ano da Enfermagem, por causa do bicentenário de nascimento de Florence Nightingale, considerada a mãe da enfermagem […] a pandemia do coronavírus colocou a enfermagem na linha de frente do combate. Mundialmente a população tem percebido, ainda mais, a importância da enfermagem. (COREN-AL)

Após os elementos textuais da notícia, é apresentado um vídeo de seis segundos com o título da campanha em duas frases “Nem anjos, nem heróis. Somos profissionais, somos ENFERMAGEM”, ilustrando um dos possíveis modos de problematização. A sequência de apresentação da frase imprime, inicialmente, um discurso de negação à titulação de anjos e heróis; e quando a segunda frase aparece, outra discursividade passa a ser enunciada com o uso da palavra “somos”, remetendo ao coletivo da enfermagem e à inclusão do Conselho e profissionais no mesmo espaço de luta e reivindicação. O uso das palavras “profissionais” e “enfermagem” na segunda frase, associado à apresentação do nome da profissão em letras maiúsculas, enuncia à intencionalidade de legitimação social da profissão enquanto disciplina científica, bem como o reconhecimento e valorização dos profissionais de enfermagem, cientificamente formados e produtores de conhecimento e práticas, e não como seres transcendentais.

Complementarmente, as cores utilizadas como plano de fundo desse vídeo remetem às mesmas dos “logotipos” padronizados pelo sistema COREN-COFEN (Conselho Federal de Enfermagem), de modo que, com base nessa formação não discursiva e na participação dos conselheiros nas gravações dos vídeos, o COREN-AL assume sua posição de entidade representativa da enfermagem pertencente a uma autarquia federal, a qual atua deliberadamente para normatizar e fiscalizar o exercício da profissão.

Em relação aos discursos produzidos pelos profissionais, circulam aspectos relacionados à ideia de visibilidade da enfermagem como disciplina científica e profissão, especialmente quando enunciam as mudanças nas rotinas e práticas profissionais, singularmente relacionadas às novas recomendações científicas para evitar contaminação no ambiente de trabalho, familiar e social.

Estamos em isolamento social, estamos vivendo o momento da pandemia da COVID-19. E diante dessa situação, do momento, há algumas mudanças e desafios a serem enfrentados, tanto no aspecto pessoal quanto também no aspecto profissional. […] estamos vencendo a cada dia as situações que o momento nos impõe. (E1)

O que mudou na minha vida durante essa pandemia são os nossos cuidados um com o outro da equipe de enfermagem e da equipe multidisciplinar. Cada um hoje cuida melhor do seu companheiro de trabalho. Cada um tem a sua preocupação também de não estar levando a contaminação para dentro da sua residência […] a preocupação com nossos familiares, com nossos colegas de trabalho e com toda a sociedade brasileira. Durante essa pandemia, nós estamos revisando grande parte das nossas condutas, tanto internas quanto externas ao nosso ambiente de trabalho. (E6)

Acredito que a pandemia modificou a vida de todo mundo, mas especialmente de nós, profissionais da saúde. Então, particularmente, eu precisei sair da minha zona de conforto profissional também, onde eu atuava na minha especialidade, que é obstetrícia, e passei a atuar na linha de frente, lidando com esses pacientes contaminados. Então foi um desafio muito grande […] E estamos vivendo tudo isso, mas com a certeza de que tudo vai passar e que nós esperamos muito que, quando tudo passar, a sociedade e os gestores nos valorizem. (E11)

Ao considerar o contexto de produção dos enunciados, as diversas vozes da enfermagem se juntam para sustentar a prática discursiva sobre “não se sentir” e “não se reconhecer” anjos e heróis. Eles procuram se desvincular da imagem que lhes foi atribuída pela sociedade, havendo um clamor para serem reconhecidos como profissionais de enfermagem.

Quero dizer pra vocês que, onde há vida, há enfermagem. Onde há pessoas necessitando de cuidados, há enfermagem. Precisa continuar o ensino, precisa continuar o cuidado a ser prestado. Nem anjos, nem heróis. Nós somos profissionais. Eu estou falando da Enfermagem. (E1)

Deixando bem claro: não somos anjos e nem heróis. Apenas profissionais da enfermagem prontos para servir a sociedade brasileira. (E3)

Não somos heróis, somos profissionais, somos humanos. (E5)

Então eu queria dizer a vocês que a gente não é anjo, nós somos profissionais. (E7)

A gente vem falar que nós não somos anjos e nem heróis. Nós somos profissionais da enfermagem e merecemos valorização. (E12)

Embora oculta no enunciado dos profissionais que gravaram nos locais de trabalho, outra nuance pode ser evidenciada, cuja ideia é de que, mesmo diante das dificuldades que permeiam o fazer cotidiano da enfermagem durante a pandemia, é necessário não se calar, aproveitando a oportunidade para se posicionar, seja em que espaço for, demonstrando para a sociedade que chamá-los de anjos e heróis pode não contribuir nas incansáveis lutas em busca do reconhecimento social do trabalho profissional da enfermagem. Contudo, se junta ao dito e não dito enunciado pelos profissionais de enfermagem, o jamais-dito pelo senso comum, ou seja, quando os intitula como anjos e heróis, a sociedade deixa de os intitular como profissionais.

DISCUSSÃO

Ao considerar que Foucault se propunha a olhar para as relações, organizações e saberes que envolvem o sujeito e para o modo como, inevitavelmente, interferem na sua apresentação no mundo, ora de um jeito, ora de outro(10), temos na AD diferentes possibilidades de refletir sobre a formação discursiva “Anjos e heróis? A realidade (nada) heroica da enfermagem durante a pandemia” e problematizar os sentidos produzidos pela enfermagem durante a pandemia da COVID-19.

A AD utiliza as condições de produção e, assim, faz uso da combinação de circunstâncias sociais, históricas e culturais que exercem influência na produção de um dado discurso. Nesse sentido, sabe-se que todos os países têm enfrentado, com maior ou menor impacto, as inúmeras dificuldades que surgiram com a descoberta do novo coronavírus, seja em relação ao colapso dos sistemas de saúde, seja no tocante ao número desordenado e crescente de contaminações e óbitos ou ao déficit de profissionais para prestar assistência aos doentes(3).

No Brasil, não tem sido diferente. Mais de 2 milhões de profissionais de enfermagem estão diariamente presentes nos serviços de saúde(14) e atuam direta ou indiretamente na linha de frente da pandemia. Segundo dados do COFEN, até o final do mês de junho de 2021, as instituições de saúde reportaram mais de 57 mil casos, entre suspeitos e confirmados, e 817 óbitos em decorrência da COVID-19, estimando uma taxa de letalidade de 2,57% da enfermagem(15).

Os profissionais da saúde de todo o mundo, dentre eles a classe da enfermagem, vivenciam inúmeras dificuldades no seu fazer cotidiano, como escassez de EPI, redução do quantitativo de profissionais nos cenários de trabalho, medo de ser infectado ou infectar seus familiares, as quais, associadas ao estresse e exaustão, se constituem como elementos que dificultam a execução de uma assistência segura e de qualidade(16).

A realidade da enfermagem brasileira não tem sido diferente, e diversos estudos(3,9,17-19) têm demonstrado cenários de atuação cada vez mais desafiadores, permeados por salários baixos, estruturas inadequadas, problemas gerenciais e adoecimentos decorrentes da sobrecarga. Se as condições de trabalho já se mostravam inadequadas antes da pandemia, pode-se imaginar como tem sido atuar na linha de frente da maior crise sanitária mundial do século XXI, dicotomizando a idealização de atuação heroica vista pela sociedade com a realidade vivenciada pela enfermagem no cotidiano de trabalho e apresentada neste estudo.

Além disso, a pandemia tem exigido ações rápidas dos profissionais da saúde, como a tomada de decisão para reorganização dos serviços de saúde e adequação às normativas recomendadas pela comunidade científica para assistência aos pacientes suspeitos ou infectados(18). Os discursos dos profissionais trazem esses elementos para debate, especialmente em relação à importância da disponibilidade de EPI e medidas de precaução para evitar a contaminação, em consonância com as prescrições de uso de óculos de proteção ou protetor facial, gorro, propés, máscara cirúrgica, máscara N95, avental impermeável, luvas de procedimento e lavagem exaustiva das mãos(20).

Os desafios apresentados pelos profissionais de enfermagem também estão relacionados à dificuldade de incorporar à prática os diversos protocolos criados desde a descoberta do vírus, como o uso de EPI durante toda a jornada de trabalho, o que dificulta o toque ao paciente e manejo das tecnologias. Ademais, estas deveriam estar disponíveis nos serviços de saúde muito antes da pandemia; como isso não ocorreu, foi necessária a apropriação súbita de conhecimento.

Considerando a natureza do trabalho da enfermagem, esses profissionais têm contato com diversos agentes infecciosos durante a práxis, sendo primordial ações de mitigação da exposição, por meio do uso adequado de EPI, rotinas de higiene nos locais de trabalho e o afastamento dos que fazem parte de grupos de risco das atividades assistenciais que envolvem infectados pelo novo coronavírus.

As discursividades apresentadas pelo COREN-AL e profissionais são consonantes em relação ao potencial e relevância do trabalho prestado pela enfermagem durante a pandemia. Entretanto, emergem produções de sentido relacionadas aos sentimentos de incerteza quanto à efetividade do uso dos EPIs, saudades dos familiares e amigos e preocupação com pessoas próximas que compõem os grupos de risco. Portanto, os aspectos emocionais que envolvem a saúde mental do trabalhador também precisam ser considerados pelos serviços de saúde, visando à incorporação de estratégias de proteção ao cotidiano de trabalho desses profissionais(21).

Dessa forma, embora a enfermagem tenha sido considerada heroica desde o início da pandemia, seus discursos sinalizam sentimentos de medo e insegurança, comuns aos da sociedade. Essa ambivalência, heróis versus realidade, tem sido problematizada, já que o número elevado de óbitos das equipes, remuneração inadequada e fragilidades organizacionais têm afetado negativamente as condições de trabalho da enfermagem no contexto pandêmico(19).

De uma ótica, os estereótipos atribuídos pela sociedade tornam a associar o trabalho executado pela enfermagem às figuras transcendentais caracterizadas pela bondade e caridade; já sob novo olhar, os movimentos de “panelaços” e aplausos veiculados pela mídia também contribuem, de certa forma, para visibilidade das lutas da categoria. Assim, o momento parece ser oportuno para propor uma articulação entre profissionais e os diversos setores da sociedade civil, tencionando mobilizações que combatam a precarização do trabalho em saúde(4).

Pode-se perceber que os discursos da enfermagem reacendem o debate sobre antigos desafios, principalmente em relação às condições inadequadas para o exercício profissional e à visibilidade da profissão perante a sociedade. Nesse panorama, a formação discursiva “A busca pelo reconhecimento do trabalho profissional da enfermagem: entre o dito e o não dito” é trazida para discussão.

A enfermagem carrega toda sua historicidade com orgulho, especialmente quando se trata de Florence Nightingale, responsável pelo reconhecimento da enfermagem como profissão em meados do século XIX, a partir da divisão social do trabalho e da ideia do cuidado ser considerado objeto de estudo(22). As discursividades da enfermagem foram construídas historicamente e são carregadas de sentidos, tendo em vista que a enfermagem busca ser reconhecida pela sociedade enquanto disciplina científica(22) e pelo trabalho que executa, o qual é regulamentado pela Lei do Exercício Profissional nº 7.498(23).

Ao intitular os profissionais como anjos e heróis, emerge o não dito pela sociedade, ou seja, o implícito que relaciona o trabalho da enfermagem ao transcendente, como se o cuidado prestado pelos profissionais fosse apenas de caráter humanitário e caritativo, pouco importando quem executa e sob que condições, já que anjos e heróis são capazes de suportar qualquer adversidade para “salvar” os que estão sob sua proteção. Foi nesse sentido que as manifestações contrárias a esse “endeusamento” tomaram força.

Assim, problematizando os discursos produzidos no interior das relações entre a enfermagem e a sociedade, apresentamos alguns sentidos para as palavras “herói” e “anjo”. No dicionário, “herói” pode significar semideus; ídolo por quem se tem grande admiração; ou indivíduo corajoso e capaz de suportar adversidades sem se abater(24). Em relação à palavra “anjo”, pode significar um ser espiritual interlocutor entre a divindade e os homens; aquele que tem a função proteger o ser humano; ou um indivíduo com características de extrema bondade(25).

Considerando os significados apresentados e correlacionando-os com os sentidos produzidos pelos profissionais que participaram da campanha, é possível vislumbrar que a percepção da sociedade em relação ao trabalho da enfermagem esteve, ao longo da história da profissão, ligada à bondade e caridade(26). A pandemia trouxe de forma mais impactante esse movimento, reforçando essas ideias e promovendo discussões acerca do imaginário coletivo sobre os profissionais de enfermagem como sendo anjos e heróis.

Os estereótipos prospectados pela mídia parecem ir ao desencontro dos movimentos liderados pelas entidades representativas e profissionais em busca da legitimação pela sociedade do trabalho profissional da enfermagem, como a campanha lançada pelo COREN-AL. Dessa forma, emergem os atravessamentos de verdades que os constituem como sujeitos, e a mídia passa atuar como um dispositivo(10) pedagógico em relação ao novo discurso que a enfermagem pretende inserir no (in)consciente da sociedade, ou seja, de se fazer reconhecer como sujeitos providos de direitos e deveres, responsáveis e preparados para desempenhar suas funções embasadas por evidências científicas.

As representações discursivas demonstram que os profissionais repetem com ênfase a frase da campanha como forma de apresentar a profissão e o trabalho profissional da enfermagem ao senso comum, reforçando que foi necessário adequar as rotinas das equipes diante das novas evidências científicas. Desse modo, eles demonstram que o cuidado prestado por eles é permeado por cientificidade, adquirindo características do trabalho profissional(22).

Os discursos de negação à titulação de anjos e heróis podem ser entendidos como convites à união e articulação da categoria com os diversos setores da sociedade civil em busca de mobilizações que combatam a precarização do trabalho em saúde não apenas durante a pandemia(3). Para tanto, os olhares da sociedade e gestores precisam ser direcionados para a força de trabalho da enfermagem, provendo meios de trabalho, tanto estruturais como gerenciais, que possibilitem uma assistência mais resolutiva e menos desgastante(17). Assim, os discursos da enfermagem reverberam a luta pelo reconhecimento do trabalho profissional, por meio de regulamentações como carga horária limite para a execução da jornada de trabalho e piso salarial nacional.

Limitações do estudo

Uma limitação se refere à escolha das mídias que compuseram os materiais empíricos, os quais permitem analisar os discursos dos profissionais de enfermagem e o posicionamento de entidade representativa de uma região. Esses sujeitos, embora enunciem os ditos de uma coletividade, podem não retratar o posicionamento das demais entidades representativas da enfermagem distribuídas em todo país, bem como os discursos de todos os profissionais da categoria.

Contribuições para a área da Enfermagem

Este estudo contribui para evidenciar as dificuldades presentes na rotina da enfermagem, as quais também podem estar sendo vivenciadas por outros profissionais da saúde em meio às mudanças impostas pela COVID-19, subsidiando a criação de estratégias que visem à melhoria das condições de trabalho no campo da saúde. Ainda, entende-se que a abordagem do tema auxilia na autonomia e legitimação profissional da enfermagem, além de favorecer esta área do conhecimento e novas pesquisas relacionadas à temática.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os discursos analisados conforme a perspectiva foucaultiana demonstram que a enfermagem sempre enfrentou desafios quanto à sua visibilidade como profissão e condições de trabalho dignas. Por meio da análise, antigas questões que permeiam a profissão foram amplamente expostas, sendo possível identificar aspectos que influenciam a qualidade do cuidado e a saúde de quem cuida em tempos de pandemia da COVID-19. Tais tópicos estão relacionados às relações de conhecimento-poder no local de trabalho, imaginário da sociedade quanto ao trabalho da enfermagem e risco de adoecimento dos profissionais.

É nesse sentido que a prática discursiva da enfermagem em tempos de pandemia evidencia a busca pelo reconhecimento do trabalho profissional pela sociedade. Isso implica movimentos que ultrapassem os “panelaços”/salvas de palmas nas janelas: é preciso que, por meio de condições dignas de trabalho e salários justos, se impacte efetivamente a realidade de quem executa o cuidado de enfermagem durante todo esse período crítico para a humanidade.

REFERENCES

Editado por

EDITOR CHEFE: Dulce Barbosa
EDITOR ASSOCIADO: Mitzy Danski

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Set 2021
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    14 Dez 2020
  • Aceito
    19 Jul 2021